Quando você é criança, sempre tem aquelas discussões bobas de ego: "Quando eu crescer vou ser dono de todas as empresas dessa cidade!", e vem outro "E eu vou ser o presidente do Brasil!", e outro "Ah é? E eu vou ser o presidente do mundo!"... Mal sabia eu que esse cargo realmente existia...


O primeiro presidente negro na Casa Branca, o cargo mais importante e de maior influência em toda o planeta! Barack Hussein Obama. Nascido no Havaí, filho de queniano negro e mãe branca, e pop...! Não deveria ser surpresa nem nos encher de espanto os afrodescendentes no topo do mundo: como Barack Obama primeiro presidente negro dos EUA, e Lewis Hamilton primeiro piloto negro campeão mundial da Fórmula 1. Mas são manchetes. E a história mostra porque o são.

Obama é pop!

Na história norte-americana o preconceito racial sempre foi moldado, teve forma, declarada com uma palavra: segregação. Talvez essa separação declarada de brancos e negros, possibilitou a maior visibilidade da luta pelos direitos civis de um e de outro, também dos muçulmanos, dos amarelos, dos vermelhos... e a busca pela tolerância ao diferente. E assim, possibilitar uma evolução gradual.


Já o nosso querido Brasil "não precisa, porque aqui não tem isso". Impera a idéia de "democracia racial". Tão cantada quanto falsa. Um dos países mais miscigenados do mundo, mas que ainda traz arraigada na cultura a discriminação velada, a intolerância, o preconceito. Nunca morreram, e parece longe disso, vivem se espreitando pelos cantos da hipocrisia de um e outro. Basta se perguntar: se para eleger um não elitista demorou tanto... um dia teremos um presidente negro? E um índio?

Acho que devemos aprender essa lição com nossos irmãos estadunidenses. Sim, eles tem muitoa nos ensinar. Um monte de revoltados não vão concordar comigo, e eu entendo, eu já fui um deles. Antiamericanismo: eu sempre achei isso meio exagerado. Mas é notório que toda a Sul-América, parte da Europa, da África, da Ásia e todo o mundo muçulmano também nutre essa antipatia. Eu não me incluo aí. Porém também não sou americanófilo, nem tenho aquela paixão pelo "sonho americano". Busco apenas um equilíbrio e respeito. Bem como admiração também. Claro, ainda tenho aversão por tudo o que a maioria dos brasileiros referente ao imperialismo americano, desrespeito à direitos humanos, meio ambiente e suas guerras. E Bush com certeza fez triplicar esse sentimento. Mas não me deixo cegar pela repugnância burra de não querer saber mais, de não tentar entender a história, o povo, a produção artística, cultural e científica inestimável, e principalmente do poder do império americano.


Que bom que os Estados Unidos da América estão promovendo essa renovação. Tão criticados quanto corajosos, é algo para se aplaudir. Eleger Obama representa essa renovação de pensamento para o mundo todo. Mas peraí, só porque ele é negro? Não, mas pelo que isso representa. Etnia não é raça. Raça existente é uma só: a humana. Mas essa mudança de comportamento demonstra que todos enxergam na figura não óbvia de Obama, a ansiedade por um mundo diferente, mais justo. Ele é um fenômeno global. Pode até não corresponder a tanta expectativa, mas neste cenário de desolação mundial, com guerras, violência e crises econômicas, ele é visto com grande esperança.


Quem sabe os EUA passam para uma visão mais simpática aos olhos do mundo. Se a América elege um presidente que ascendeu das camadas menos abastadas e discriminadas, ela não podem ser tão ruim assim.


Eu sei que é lugar comum, mas é a história sendo escrita diante de nossos olhos. o "sonho americano" nunca foi tão verdadeiro. É o cárater sobrepondo a cor da pele, e a igualdade sendo proposta, da qual falava Martin Luther King. Será tudo isso uma utopia?




u.to.pi.a
sf. 1. O que está fora da realidade, que nunca foi realizado no
passado nem poderá vir a sê-lo no futuro. 2. Plano ou sonho irrealizável ou de
realização num futuro imprevisível; um ideal. 3. Fantasia, quimera.



Com a utopia, se avançamos um passo, ela se afasta um passo.

Se avançamos dois, ela se afasta mais dois. Pra que ela serve então?

Para caminhar...


Obama pode até ser uma utopia. Mas é simbólicamente real.





* Yes! We Can!

8 comentários

Neuro-Musical disse... @ 5 de novembro de 2008 às 19:46

Esse post retratou bem o que eu achava. É incrivel como Obama foi eleito e eu torcia por ele. Várias pessoas dizem que ele ganhou pela cor e etc, mas eu não acho. Nao devemos julgar as pessoas pela classe social, pela raça ou por qualquer coisa que seja. Somos seres humanos. Somos iguais!

http://centralldamusica.blogspot.com
Buscando parcerias...

Cynthia disse... @ 5 de novembro de 2008 às 20:12

É, muita gente acha que ele foi escolhido pela cor... tbm acho que isso ajudou (muito)nos votos a favor dele. Mas sei lá, o cara não era só mais um eleito a presidencia dos EUA, ele já era um ícone pop! lol
Mas sei lá, como a pessoa ai de cima disse: Somos seres humanos, Somos iguais!

Beijos ;*

LETÍCIA CASTRO disse... @ 5 de novembro de 2008 às 20:13

O Babel tb retratou o assunto hoje, afinal o dia é histórico. Não sou antiamericana, mas não acho que temos que aprender com eles na questão racial, é todo o contrário. Eles ainda estão evoluindo a passos lentos e ainda há sim, muita segregação.
Beijos!

Patrícia Andréa disse... @ 5 de novembro de 2008 às 20:20

Parabéns para Obama e para os americanos.

Ah, valeu por ter coltado lá no meu blog!=)
Avisarei qdo tiver post novo (oq pode demorar, pois tô meio sem tempo...)

Bjus!

F.P.Oliver disse... @ 5 de novembro de 2008 às 21:20

Letícia Castro,
Concordo quando diz que existe ainda, porque realmente existe. Mas acho que o que temos que aprender com eles eh a forma como eles encararam essa situacao.
La a luta pelos direitos civis comecou cedo. Hoje existe uma classe media alta negra muitissimo influente. Milionarios, atores, rappers, comediantes, apresentadores de tv, senadores, juizes, presidente... Existe maior representatividade que um pais como o Brasil, um pais com uma populacao negra muito maior.
Valeu mesmo pelo comentario, como digo, eh sempre valioso. Eh um ponto a se pensar, quem sabe nao gere um novo post? :)

Stella Barbosa disse... @ 5 de novembro de 2008 às 23:58

realmente, digirigir o país mais conhecido do mundo não é fácil :)
adorei o post e agrdeço a visita ^^
abraços :}

Anônimo disse... @ 6 de novembro de 2008 às 02:00

E o negócio vai dando frutos...
:P

Anônimo disse... @ 9 de novembro de 2008 às 16:45

Concordo PLENAMENTE com essa frase: "Talvez essa separação declarada de brancos e negros, possibilitou a maior visibilidade da luta pelos direitos civis de um e de outro, também dos muçulmanos, dos amarelos, dos vermelhos... e a busca pela tolerância ao diferente. E assim, possibilitar uma evolução gradual." Talvez uma das mais centradas que eu já ouvi em relação a essa questão tão complicada de ser discutida: o racismo.
Ouvi uma crítica do Arnaldo Jabor, naõ que eu concorde com tudo o que ele diz, mas eu acho que ele estava certo quando falou que as besteiras do Bush pelo menos possibilitou mudanças num país tão conservador e egocentrico.
Outra questão, tb acho que Obama está pop demais, tb com artistas vestindo camisetas e fazendo campanhas pra ele. O mundo está mesmo globalizado, e ele é mesmo presidente do mundo, não fosse assim não estariam sendo vendidas camisetas com o famoso rosto de Obama nos camelôs em São Paulo.
Por fim, Barak Hussein Obama? Foi só eu que pensou sordidamente que ele pode ser parente do Saddam Hussein? ahahahahaha

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